AQUARELAS
Vêem as aquarelas
Das nossas gavetas secretas;
Das alegrias do coração,
De céus estrelados,
Do luar que nos habita.
Nas aquarelas,
Como na vida,
Nada se perde.
Camadas de risos,
Os véus de ilusões.
O desmaio ocre sobre a forma esboçada,
Sombrios índigos
Entremeados dos medos e sustos,
Os pontos e as linhas do pincel solto,
Registros de luzes do passado.
Muitas águas derramadas,
Umas sobre as outras,
As verdades claras e transparentes.
Amargos borrões que se alastram,
E depositam a delicadeza sobre as fibras,
Somam-se à força do traço,
Das convicções e metas.
Seco o papel,
Acabada a cartografia,
Da vida, o mistério
Persiste,
A ser desvendado.