segunda-feira, 18 de abril de 2011

Coração, negros pulmões

Partida


Partirei um dia à noite
Porque assim há de ser
Escura e densa de tão fechada
Nem um só facho de luz há de ter
Minha nau atravessará as trevas
Por um tempo não saberei quem sou, ou estou
Depois, transmutada em névoa,
Verde, prata ou negra,
Serei floresta, a lua, ou a noite.

sábado, 16 de abril de 2011

Vida

Carrego em meu peito
Chama ardente
Grito estridente
De força e vigor

Ainda que se deprima a mente
Ou que sangre o coração
Pulsações, labaredas,
Levam-me de volta
Ao núcleo da vida

Abro os olhos
Para o meu semelhante,
Através dele enxergo
As luzes, os brilhos
Que insistem em me acompanhar.

Entre o Céu e a Terra,
Frente a um projeto maior,
Aceito o inevitável,
Prossigo no meu caminho.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Imagem do meu mar

Horas mortas



Horas mortas no meio do dia
Razão adormecida,
Corpo, matéria viva,
A imaginação,
Um véu que se expande,
E desdobra,
E ocupa todos os vãos.



Nada se faz, não se produz
O ócio se apossa dos nossos ossos
Os músculos são lassos,
Mãos e pés não obedecem,
Desejamos, apenas, ser.



Mas é desta modorra que nascem
As grandes idéias,
As inovações, as ousadias.
Latentes, e vivas como o fogo.
A grandeza da mente humana,
Livre, se revela