sábado, 27 de fevereiro de 2010


pássaro morto

Pássaro Morto



Um pássaro negro, inchado ( fêmea, eu sei)
Em pleno domingo ensolarado
Surgiu morto a boiar
Na superfície das águas transparentes
Da piscina azul turquesa.


As penas, qual cocar,
Em torno a girar,
O canto interrompido,
Órfãos passarinhos em ninhos abandonados,
O medo das crianças em olhar transido.


Nada se disse
Mas, todos aqui, abismados,
A se perguntar
Quem de tal ato seria capaz?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sobre monotipias


De minha experiência com gravura posso dizer que me apaixonei, no início da profissão, pela xilogravura, pelo efeito dos veios da madeira, mas sobretudo por sua linguagem clara e definida. Mais recentemente, trabalhei alguns tipos de monotipia. Aquela feita com o papel colado sobre o vidro entintado, e o desenho feito diretamente, na hora. Experimentei também algumas técnicas à base de água e fiz experiências com a argila e engobes, tirando a cópia no papel. Gosto do resultado direto, puro, que preserva, de certa forma, a emoção que o gerou.
Mais recentemente experimentei uma nova técnica de monotipia a óleo. Usei lixas de madeira como matrizes para minhas pinturas com bastões oleosos, cada uma com suas imagens. Depois tirei cópias ( ou uma cópia) dessas imagens com a ajuda do calor.
O resultado conquistado é fascinante, pela invasão dos campos de cor, a mesclagem das cores, a linha que some, outra que surge. Mas, principalmente, não se perde a qualidade matérica da pintura ou a beleza do óleo.
A segunda cópia, quando se consegue, traz surpresas pelo quase desaparecimento da forma, a figura que se dissolve, como muitas vezes em nossa memória ou em nossas vidas.


Regina Dutra

Da série "Corações", em pastel


Da série "Corações" em monotipia a óleo


Em busca de mim mesma

MERGULHO


Percorro áreas de sombra
Mergulho em poço profundo
Lá, onde tudo é vicejante,
Verde e fresco

São águas misteriosas e mansas,
Ali estar imersa,
Perdida e só
Algas entrelaçando-se nas pernas
O corpo livre e solto
O espírito alerta
O ruído repetitivo e monótono
De insetos ocultos

Mais fundo, tão fundo,
Não se toca jamais o chão
Pouca luz, quase nenhuma,
Risca e corisca
Em linhas abstratas
A inesgotável fonte que me recebe
Não desejo emergir.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010




Uma palavra sobre a Cerâmica



No momento em que as mãos tocam o barro, a realidade do entorno se afasta, e. milagrosamente , entro em contato com as regiões densas e ocultas de mim mesma. Lá se encontra meu ouro, aquele que só se desvenda através das frestas, ou no lusco fusco da indefinição.
O processo da criação da forma é intuitivo e misterioso. Sua realização depende da lucidez e do conhecimento.
Todas as etapas da realização da cerâmica são envolventes e surpreendentes. A construção da peça, as queimas em oxidação ou redução e seus resultados inesperados e maravilhosos, além de todas as dificuldades do começo ao fim do processo, tornam a “Cerâmica” uma das mais interessantes e completas formas de expressão.
Optei desde cedo pela queima em alta temperatura, pela pesquisa exaustiva de esmaltes, pelo uso apropriado da expressividade peculiar de cada barro.
Gosto do meu trabalho, ele é parte do meu cotidiano, e por suas características de intensa vivência, tem trazido ao meu atelier amigos, familiares e muitas novas relações, que enriquecem minha vida.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010



Árvores



Erguem os braços as gigantescas árvores
Em infinita espera,
Em súplicas por piedade
Galhos e ramas,
Seus tortuosos caminhos de alcançar os céus


Tombarão um dia, solenes,
E graves,
Mas como vidas humanas,
Em alongadas sombras ,
Poderão se dessipar
E se perder,
Transformando-se na matéria triste de seu próprio solo
ÁRVORE


Quisera eu
Ser árvore frondosa
Estender meus braços
Para todos os lados
Sorver de um gole o ar verde
E me espalhar no ar
Deixando no chão
As sombras do pensamentro
Das maravilhas e dos sonhos
Que, se pudesse, inventaria
Para aqueles que sob mim passassem

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

restos de memória


No Carro



Da janela do “Caprice”, um super car of the year, vejo passar a belíssima vegetação outonal, de clima temperado. É um Colorado colorido de verdes, amarelos, sépias, laranjas, vermelhos, fúccias e dourados. Everything is so beautiful, and so neat.
Tenho a impressão de estar no cinema, tudo passa rápido, e parece tão pouco verdadeiro, impalpável. Quero parar o carro e não posso, porque não encontro lugar para estacionar e descer. Imagino o cheiro dos pinheiros e araucárias, que não consigo sentir diretamente. As setas indicando lugares e rios, e córregos e lagos, passam rapidamente, mas não conseguimos acessar.
Fica faltando pôr os pés na terra ou as mãos na água, e resta a sensação de ver toda a beleza através do “frame “, que é nossa janela.






Primeiras impressões- viagem ao Colorado 1992
Aventura de ser só


Lembro-me da menina, quase moça, a outra. Ela subiu pela primeira vez num avião aos quinze anos, deixou os irmãos e os pais, deixou a casa em que morava e que era seu porto seguro, e, com o coração na boca, voou pelos céus da liberdade. Atravessou o oceano mergulhada em pensamentos, excitada e temerosa do que estava por vir. E já no avião sentiu também muitas saudades, da vida que estava deixando para trás.
Chegou nesta cidade eletrizante, lotada de carros e gente, as luzes psicodélicas do néon, ( Mondrian-“ Broadway Boogie Woogie”, é o que me vem à cabeça).
Caminhando pelas ruas, no meio de tantas pessoas, ficou convicta de que estava só, encheu de coragem o peito e foi em frente.


Trinta e dois anos depois, em Nova Iorque, caminhando pelo emaranhado de ruas, examinando as vitrinas, observando as pessoas e pensando na sua vida de feliz casamento e três filhos moços, teve, mais uma vez, a consciência da solidão, como inerente ao ser humano, ainda que com tantos laços e afetos profundos. Sentiu-se, também, mais uma vez, livre como a menina adolescente





Chuva


Da terra o perfume silvestre
Folhas de temporais enxarcadas
Lírios do vale pisoteados
A exalar doces feridas


Altivos eucaliptos molhados
Derramam generosas gotas de prata,
Oxigenam, purificam
Novos ares poluídos


Nuvens prenhes e inchadas
Ao chorar tantas mágoas,
Lavam as flores, as dores,
Feritlizam corpos estéreis.

domingo, 7 de fevereiro de 2010


Sobre Amigos


Estar entre amigos, é estar bem, é sentir-se à vontade, sem a preocupação da auto censura . É trocar idéias, contar experiências, ouvir com o coração o que outro precisa dizer, porque sofreu ou porque está só. É estar desarmado e vulnerável, porque são seus amigos que estão com você.
A percepção de outro e sensibilidade devem estar sempre à flor da pele, mas sobretudo o sentimento de empatia e solidariedade. E, se por um descuido´, você sente que errou, ou se distraiu num momento importante, imediatamente deve se desculpar e lavar com águas puras o incidente. Perdoar sempre, ser generoso e magnânimo, Abrir sua casa e seu peito, desejar profundamente a visita do amigo.
Se temos alguns pouquíssimos amigos, é porque conhecemos tudo isso, e quando os temos, tudo devemos fazer para não perder.

sábado, 6 de fevereiro de 2010



Sobre a ASMA e outras coisas 1


Sou asmática há muitos anos, desde os cinco anos de idade, quando tive a primeira crise de falta de ar após a retirada das amígdalas.
Perdi a conta das noites insones, de ficar sentada na beira da cama procurando lá dentro algo que me acalmasse, até que a respiração voltasse ao normal.
O cheiro do éter usado na amigdalectomia ficou impregnado na minha imaginação durante longo período, e eu atribuía a ele a falta de ar.
Quando menina, mamãe me levou a todos os tipos de médicos, lembro-me muito bem que em desespero de causa freqüentamos muito o Dr Resende, que era um médico homeopata, cujo consultório ficava numa ruazinha atrás da praça da República. Vivia tão cheio de gente, que não havia consulta com hora marcada. As pessoas chegavam desde o período da manhã e iam formando uma fila na porta do consultório, ou sentavam-se nas escadas. Eu reclamava muito da espera e mamãe dizia que eu precisava aprender a ser paciente. A verdade é que depois de dois anos de tratamento, nada, absolutamente nada aconteceu que se assemelhasse a uma melhora.
Ainda quando menina usei, durante certo período, uma pulseira de cobre no braço porque diziam que era algo miraculoso ( Não sei, até hoje, se era um tratamento esotérico ou qualquer outra coisa). A verdade é que não funcionou.
Mais tarde, já mocinha, lembro-me de um médico alergista, que tinha um consultório com muitos arquivos e gavetas com milhares de lâminas, e que tinha os cabelos revoltos e o olhar distante, parecendo um pouco alienado. Fez em mim mais de 20 testes com alergenos, e quando veio o resultado determinando que tipo de alimentos ou elementos de contato me faziam mal, eu disse, muito feliz! Mas que ótimo, agora basta evitar essas coisas e eu não terei mais asma. E ele retrucou: Não é bem assim, você é um tipo raro de pessoa muito alérgica, e se você se privar dessas coisas, certamente seu organismo vai criar novas alergias a outras tantas. Saí de lá com a moral no pé.
Que fazer?
A verdade é que passei um ano inteirinho sem asma. Foi quando morei no sul da Califórnia. Era quente ( mas não muito), e não tinha qualquer umidade.
Na maturidade sofri muito com essa falta de ar. Mas felizmente apareceram os sprays de corticóide inalatório, que equilibraram razoavelmente minha asma.
Nessa jornada pedregosa, conto muito com o apoio do meu marido, que é m´dico e sempre cuidou de mim , e com o bom senso e competência do meu pneumologista, Dr Helio Romaldini, que há muitos anos me trata com dedicação e afeto, mas que tem, sobretudo, a grande qualidade de saber ouvir e distinguir, identificar cada paciente, consciente de que um é sempre diferente do outro, ainda que com a mesma doença.

ASMA 1

O tórax intumescido e machucado
Cresce até o seu mais absoluto limite
Dentre frágeis ossos, costelas de dama
Se avoluma um não sei quê,
Um não sei como, ou porquê.
Quanto mais ar meu peito guarda
Menos me resta para viver.



ASMA 2

Inimigo sem face
Asma inclemente
Insidiosa, latente
Penetra, traiçoeira pelas costas
Comprime o peito,
Aperta a garganta
Arrebenta as entranhas

Asma das noites insones
Das vigílias cruéis
Intercortadas de (falta de) ar
Que entra e não sai
Asma que sequer permite
Suspirar, rir ou chorar.

Foi lentamente tomando conta
Como água que se infiltrou
Pelos meus cantos e recantos
Um pensamento a torna água viva
Uma lembrança, poderosa torrente represada
Que fazer para escoá-la?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010


Pintura II


Um caminho de outono
Iluminado
Dos terras, ocres e dourados
Das folhas a se estender
A minha espera
Em chão sólido e preparado
Pelas cruzes da vida
Do pai e dos filhos
O coração completo
O olhar voltado para o fundo
E a certeza do passo
Sem pressa.



Pintura III


No meu chão
Sem atenção passaram
E a terra virou sangue e seiva
Rosas, fúcsias, vermelhas
As buganvíleas em flor
Deitaram-se
E meu leito bordaram





PINTURA


Revelou-se sobre o dourado
Um coração distorcido e desfigurado
De tanto sangrar se tornara
Chão de crateras
Negro e ressecado
Fora-se para sempre a seiva e o sangue
Em betume e pedra se transformara
Soube-se , súbito, que de tanto por aí vagar
Finalmente chegara ao seu lugar
E a moldura de ouro,
Qual coroa,
Fez da dor, resplendor.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010





Criação e processo de trabalho


No processo do meu trabalho a Natureza tem papel fundamental, quer como objeto de observação, quer como fonte de recursos que constituirão a própria obra.
Não penso ou olho para a Natureza no sentido tradicionalmente romântico ou estetizante (à procura do “ belo”), mas no sentido paradigmático, pois através dela reconheço a própria vida, a estrutura de todas as coisas, a passagem do tempo.
Há tempos venho entendendo a pintura como registro das etapas ou momentos da vida, e que uma vez realizadas, permanecem como trechos da memória significativa. Gosto de pensar no trabalho como os fragmentos de memória, as indicações ou referências que nos acompanham das experiências vividas. Porisso, interessam-me o solo e a passagem do tempo sobre ele: as ondulações formadas pelo vento ou pelo movimento das ondas nas areias da praia, a precariedade dos desenhos assim formados, a permanente mudança. Observo as folhas e os galhos que tombam das árvores, mudam de cor e estrutura e se incorporam à terra dando início a um novo ciclo. No trabalho valorizo especialmente as texturas, escarifico as superfícies dos objetos e pinturas porque acredito nas cicatrizes e marcas deixadas pelo tempo.
Se escolho como tema a montanha, ou o rio, ou a árvore, o que desejo representar é a idéia da montanha, do rio ou da árvore, algo que existe apenas dentro de mim. Por essa razão, não consigo definir uma iconografia de conhecimento comum e não gosto de identificar a pintura ou relacioná-la com temas ou idéias. A pintura é cor, luz, textura e matéria, assim como o trabalho tridimensional é a presença da estrutura e da construção, organização de materiais e execução de uma idéia.
O acaso participa do meu trabalho porque uso recursos naturais e os aproveito à medida em que encontro algo significativo. Embora ao iniciar uma obra eu tenha um projeto norteador, ocorrem situações em que o inesperado modifica a direção ao longo do processo de execução do trabalho
Mais especificamente, venho utilizando ferro de construção, pedaços de madeira, pedras roladas ou brutas nas obras tridimensionais, e mais recentemente tenho também executado trabalhos em cerâmica. Nas pinturas uso o pó de mármore, pigmentos que se inserem dentro da massa e lembram o procedimento do afresco, pois a cor é inserida e não superposta à tela. Trabalho também com o recurso eventual da colagem.



Regina Dutra ( meados de 1990 )

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010





Na postagem de ontem ficaram faltando as fotos, que são elucidativas.
O muro coberto pelo verde do bambu, algumas fotos do nosso exuberante jardim.

Casulo


Com o coração pulsante,
Enrolado nos fios da memória,
Nas asas da imaginação
Adormece o artista.

Em negro veludo
E ritmado silêncio,
Por noites sem luas
E dias sem fim
Sonha os sonhos da transformação

Até que o vento balance
A casca tão fina
E a luz penetre
Sua transparente crisálida,
Permitindo que se rompa
E dê início à vida.

Surge a obra.
E com alma, olhos e mãos se completa,
Em sua singularidade e vida própria.


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

É proibido plantar?

2 de fevereiro de 2010
É proibido plantar!

Ontem de manhã meu funcionário Pedro, que está conosco há 11 anos, estava na calçada de nossa casa, explicando ao jardineiro como fazer a poda dos bambus, que formam uma moldura verde em toda a volta da casa. Foram plantados há mais de 20 anos num canteiro estreito na calçada. Levaram muitos anos e muito cuidado para atingirem a altura do muro e são podados com regularidade mensal, mas no verão, especialmente o deste ano, cresceram muito por causa das chuvas, que foram extremamente generosas. Estamos chegando de férias e chamamos o jardineiro para executar suas tarefas habituais, além de cortar galhos e folhas, fazer a limpeza das imundícies que nossos educados concidadãos gostam de jogar sob as plantas, como se fosse o lixo do bairro .É evidente que esse tipo de limpeza precisa ser feito com muito mais constância, duas ou três vezes por semana, coisa que as moças que trabalham aqui fazem.
O extraordinário foi o que aconteceu . Quando ele dava instruções ao jardineiro, passa uma senhora, com um cachorrinho na coleira e diz a ele: “ Avise sua patroa que já estou passando um papel pelo bairro , angariando assinaturas contra a atitude dela de manter essas plantas na calçada, que impedem as pessoas de transitar. Diga que eu exijo que ela arranque tudo isso aí, que não serve para nada, só para estorvar!. Imediatamente, ele defendeu: “ Mas não está vendo, minha senhora, que estamos fazendo a poda dos bambus? E ela: “ Podar não adianta, é necessário arrancar. Aliás, diga para ela também : quem ela pensa que é, a dona do bairro? Na minha opinião é alguém que não merece morar neste lugar!
Meu funcionário é do bem e nem respondeu, não quis me chamar para que eu não me aborrecesse muito. Mais tarde me contou o incidente.
Temos , meu marido e eu uma casa de mais de 600 m2 de terreno, anexada a uma propriedade que foi de meus pais e hoje é patrimônio meu e de meus irmãos, de quase 2000 m2. Meus pais chegaram a este bairro de S. Paulo, Moema, há 49 anos atrás e compraram inicialmente um terreno de 1400 m2 , mais tarde adquiriram a casa do vizinho e eu e meu marido compramos a propriedade ao lado da casa deles há 35 anos. Nossa família sempre teve enorme respeito pela Natureza, meus pais jamais tiraram uma árvore sequer do nosso terreno, ao contrário. Assim que se estabeleceram, compraram muitas mudas de árvores plantaram em seu terreno. Hoje temos amoreira, mexeriqueira,nespereira, goiabeira, pitangueira, arvore de fruta japonesa, jabuticabeira, abacateiro, e muitas espécies ornamentais. Mamãe, até falecer, aos 89 anos, há dois anos atrás, vivia no jardim, molhando suas plantinhas, tirando os matos, adubando, e orgulhosamente admirando sua obra.
Quanto a mim, todo o cantinho de terra que eu encontro, planto alguma coisinha, trago mudas de viagens que faço por aí afora, adoro olhar para todo o meu verde, alegra-me a chegada de uma flor, e os pássaros do bairro moram, por assim dizer, no nosso jardim.
Esta senhora que por aqui ontem passou, e que deixa as fezes de seu lindo cachorrinho em nossas calçadas ou as joga embaladas em saquinhos plásticos , por cima do muro , para dentro de nosso jardim , nem atina para o fato de que o bom ar que ela respira neste simpático bairro vem do trabalho e empenho de pessoas que respeitam a Natureza e a tratam com todo o carinho, porque sabem que dela dependem.