sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sobre monotipias


De minha experiência com gravura posso dizer que me apaixonei, no início da profissão, pela xilogravura, pelo efeito dos veios da madeira, mas sobretudo por sua linguagem clara e definida. Mais recentemente, trabalhei alguns tipos de monotipia. Aquela feita com o papel colado sobre o vidro entintado, e o desenho feito diretamente, na hora. Experimentei também algumas técnicas à base de água e fiz experiências com a argila e engobes, tirando a cópia no papel. Gosto do resultado direto, puro, que preserva, de certa forma, a emoção que o gerou.
Mais recentemente experimentei uma nova técnica de monotipia a óleo. Usei lixas de madeira como matrizes para minhas pinturas com bastões oleosos, cada uma com suas imagens. Depois tirei cópias ( ou uma cópia) dessas imagens com a ajuda do calor.
O resultado conquistado é fascinante, pela invasão dos campos de cor, a mesclagem das cores, a linha que some, outra que surge. Mas, principalmente, não se perde a qualidade matérica da pintura ou a beleza do óleo.
A segunda cópia, quando se consegue, traz surpresas pelo quase desaparecimento da forma, a figura que se dissolve, como muitas vezes em nossa memória ou em nossas vidas.


Regina Dutra

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