Aventura de ser só
Lembro-me da menina, quase moça, a outra. Ela subiu pela primeira vez num avião aos quinze anos, deixou os irmãos e os pais, deixou a casa em que morava e que era seu porto seguro, e, com o coração na boca, voou pelos céus da liberdade. Atravessou o oceano mergulhada em pensamentos, excitada e temerosa do que estava por vir. E já no avião sentiu também muitas saudades, da vida que estava deixando para trás.
Chegou nesta cidade eletrizante, lotada de carros e gente, as luzes psicodélicas do néon, ( Mondrian-“ Broadway Boogie Woogie”, é o que me vem à cabeça).
Caminhando pelas ruas, no meio de tantas pessoas, ficou convicta de que estava só, encheu de coragem o peito e foi em frente.
Trinta e dois anos depois, em Nova Iorque, caminhando pelo emaranhado de ruas, examinando as vitrinas, observando as pessoas e pensando na sua vida de feliz casamento e três filhos moços, teve, mais uma vez, a consciência da solidão, como inerente ao ser humano, ainda que com tantos laços e afetos profundos. Sentiu-se, também, mais uma vez, livre como a menina adolescente
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