segunda-feira, 16 de maio de 2011

O Coração ( paleta de cores) e a pintura

PINTURA


Revelou-se sobre o dourado
Um coração distorcido e desfigurado
De tanto sangrar se tornara
Chão de crateras
Negro e ressecado
Fora-se para sempre a seiva e o sangue
Em betume e pedra se transformara

Soube-se , súbito, que de tanto por aí vagar
Finalmente chegara ao seu lugar
E a moldura de ouro,
Qual coroa,
Fez da dor, resplendor.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Observar,transformar,desenhar, sempre

TECIDO



Salgueiro, empresta teus fios,
E trarei da memória as lágrimas em rios
Dá-me teus galhos flexíveis e longos como as veredas
Para que com eles construa os desenhos da seda
O coração se encarregará das mãos hábeis e destras
Dócil, obedecerás minhas metas.


Para ti, Chorão,
Irão os sais do pranto de dias felizes
Renovado alimento de tuas raízes.
Pronta a trama,
Matéria de intervalos e harmonias,
Resguardo e aconchego em minha cama,
Bordado e escudo contra noites frias

Imagens do Inconsciente

FIGURAS



De olhos fechados,
Enxerguei cada uma:
Figuras fantasmas,
Restos, rastros
Da memória?



Foram aparecendo,
Ou renascendo,
Os destroços
Ou fragmentos
De fortes laços, lembranças do afeto



Vieram como a ferrugem
Que o ar do tempo formou,
Ou como manchas informes
Em conflito umas com as outras,
Ou distorcidas e mórbidas,
Quase espectros
Da minha vida

quinta-feira, 12 de maio de 2011

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Homenagem ao meu Pai

RABISCO TEU NOME
Para o meu pai



Rabisco teu nome
E tudo volta
O balanço da rede,
As caminhadas de bicicleta,
Julio Verne em voz alta,
Junto ao insistente aroma das goiabeiras do jardim


Enxergo tuas mãos habilidosas
A martelar idéias
A enrolar os fios do tempo,
E, com todo o cuidado,
A juntar e colar os pedaços dos nossos dias


Tua força a preparar nosso chão
Quebrando as pedras
Afastando os espinhos,
E forrando de folhas frescas
A nossa passagem


Sinto ainda o calor de teu peito
O perfume exalado do teu doce coração
E, então,
O mundo está no prumo,
Tudo volta ao seu lugar.


Meu pai,
Sempre que posso,
Rabisco teu nome
E tudo recomeça.
A Estrela e o Barco


Há um pequeno barco que navega em águas densas e negras. É sólido e construído de lenho nobre. Estou só, deitada de comprido no leito do barco. È noite, escuro o entorno, escuras as águas porque muito profundas. Barco e eu, somos uma coisa só. A correnteza nos leva, não sei para onde vou.
Olho para cima e enxergo uma constelação de estrelas, um verdadeiro caminho no céu, que me encanta e chama com sua luz sedutora.. Dentre todas há uma radiante e belíssima estrela, quase posso alcançá-la com as mãos. Fecho os olhos, estou em paz.

terça-feira, 3 de maio de 2011

...e tanto vem do mar

Do mar, o presente

Rolou o caramujo,
Girou e rodopiou elegante.
Sem piedade, as ondas,
O jogaram de lá para cá.
Encalhou, finalmente, na areia.
E, num ultimo gesto inesperado,
Trouxe o mar tal preciosidade,
Às minhas mãos,
Para que eu me encantasse
Com sua mágica curvatura,
E infinitas linhas
Que lhe cobriam e concediam vida eterna.