Sobre a ASMA e outras coisas 1
Sou asmática há muitos anos, desde os cinco anos de idade, quando tive a primeira crise de falta de ar após a retirada das amígdalas.
Perdi a conta das noites insones, de ficar sentada na beira da cama procurando lá dentro algo que me acalmasse, até que a respiração voltasse ao normal.
O cheiro do éter usado na amigdalectomia ficou impregnado na minha imaginação durante longo período, e eu atribuía a ele a falta de ar.
Quando menina, mamãe me levou a todos os tipos de médicos, lembro-me muito bem que em desespero de causa freqüentamos muito o Dr Resende, que era um médico homeopata, cujo consultório ficava numa ruazinha atrás da praça da República. Vivia tão cheio de gente, que não havia consulta com hora marcada. As pessoas chegavam desde o período da manhã e iam formando uma fila na porta do consultório, ou sentavam-se nas escadas. Eu reclamava muito da espera e mamãe dizia que eu precisava aprender a ser paciente. A verdade é que depois de dois anos de tratamento, nada, absolutamente nada aconteceu que se assemelhasse a uma melhora.
Ainda quando menina usei, durante certo período, uma pulseira de cobre no braço porque diziam que era algo miraculoso ( Não sei, até hoje, se era um tratamento esotérico ou qualquer outra coisa). A verdade é que não funcionou.
Mais tarde, já mocinha, lembro-me de um médico alergista, que tinha um consultório com muitos arquivos e gavetas com milhares de lâminas, e que tinha os cabelos revoltos e o olhar distante, parecendo um pouco alienado. Fez em mim mais de 20 testes com alergenos, e quando veio o resultado determinando que tipo de alimentos ou elementos de contato me faziam mal, eu disse, muito feliz! Mas que ótimo, agora basta evitar essas coisas e eu não terei mais asma. E ele retrucou: Não é bem assim, você é um tipo raro de pessoa muito alérgica, e se você se privar dessas coisas, certamente seu organismo vai criar novas alergias a outras tantas. Saí de lá com a moral no pé.
Que fazer?
A verdade é que passei um ano inteirinho sem asma. Foi quando morei no sul da Califórnia. Era quente ( mas não muito), e não tinha qualquer umidade.
Na maturidade sofri muito com essa falta de ar. Mas felizmente apareceram os sprays de corticóide inalatório, que equilibraram razoavelmente minha asma.
Nessa jornada pedregosa, conto muito com o apoio do meu marido, que é m´dico e sempre cuidou de mim , e com o bom senso e competência do meu pneumologista, Dr Helio Romaldini, que há muitos anos me trata com dedicação e afeto, mas que tem, sobretudo, a grande qualidade de saber ouvir e distinguir, identificar cada paciente, consciente de que um é sempre diferente do outro, ainda que com a mesma doença.
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