O Monte Pelegrino
A cidade de Palermo se estende a partir da baía de Mondello, tendo ao fundo o Monte Pelegrino. É a maior cidade da Sicília, e o resultado da passagem de muitos povos e culturas por seu território. Foram muitos os conquistadores e as culturas: fenícios, romanos, normandos, bizantinos, árabes, aragoneses. A mistura cultural está presente na arte e na arquitetura, num feliz entrelaçado de idéias de origens diversas. Restos de monumentos da Magna Grécia, catedrais normandas, uso de decoração mourisca com elementos geométricos ou azulejos, os mosaicos e dourados do período bizantino, um pouco de tudo compõe a face da cidade, determinada anteriormente pela situação geográfica privilegiada e pela invejável beleza natural.
Sabe-se que em 1787 Goethe esteve em Palermo e escreveu sobre a cidade e sobre o Monte Pelegrino, uma colina de 1970m de altura com vista privilegiada da baía e da cidade:
Palermo, 3 de Abril de 1787
“A Itália sem a Sicília não deixa marcas na alma: é aqui que está a chave de tudo”.
...a descrição desta baía incomparável e da sua enorme massa de água. Estende-se do lado nascente, onde montes mais baixos descem até ao mar, passando por muitos rochedos irregulares mas de bom aspecto, cobertos de floresta, até ás casas de pescadores dos arrabaldes, continuando depois pela própria cidade, cujas casas deste lado estão todas voltadas para o porto...
...depois, prolonga-se para poente, passando pelo ancoradouro onde acostam os barcos mais pequenos, até ao porto propriamente dito, no molhe, que acolhe os navios de maior porte. Aí ergue-se o poente, para proteger todas as embarcações , o Monte Pellegrino nas suas belas formas, depois de ter deixado entre si e na terra interior um ameno e fértil vale que se estende até à ponta do mar.»
(Goethe- vol 6 de Obras Escolhidas Relógio D’Água)
O Monte Pelegrino parece, à primeira vista, com suas arestas e cortes, obra de um escultor, feito a golpes de talhadeira.
No entanto, todas as partes irregulares e incompletas se aglutinam, constituindo uma unidade harmoniosa quando avistado de uma certa distância. É constituído de rochas, sobretudo calcáreas. Contam-se 134 grutas de origem marinha, de interesse geológico e pré-histórico. È recoberto de vegetação costeira complexa.
Cobre as rochas infindável número de cactos, que nesta época ( setembro) estão carregados de frutos. ( figos da índia?).Os ciprestes e oliveiras, árvores típicas da Itália, se debruçam, contorcem e sofrem, pelos muito que presenciaram. A estrada que nos conduz ao alto é íngreme, sinuosa e muito perfumada pelos ciprestes. Do alto, avistamos a cidade de Palermo, majestosamente instalada, no contorno da baía, e esparramada mais além, até onde alcança a vista.
Ao fundo , uma cordilheira de montanhas, azuis, arroxeadas, cinza-prata, cores emprestadas do mar e do céu.
Chegamos, lá em cima, a uma caverna, onde se encontraram os despojos de Santa Rosália ( Havia vivido aí como eremita), em 1624, e onde se construiu um altar à santa, padroeira da cidade de Palermo, também conhecida como Santuzza. Atrás de uma vitrina, santa Rosália está toda recoberta de ouro e ornada com jóias em ouro e prata. A soma de ex votos, flores e imagens, faz deste lugar uma estranha combinação de kitsch e devoção, o que também serviria para definir o gosto siciliano.
Nosso passeio se encerra nas barraquinhas do lado de fora, que vendem enorme variedade de badulaques e lembranças, desde imagens religiosas, aventais, cerâmicas “gregas e romanas”, soldados de madeira e cerâmica, bonecos sicilianos, colares, etc.
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